quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Um panetone magnífico!

Praticando o que mãe Verinha mais gostava, o footing, descobri um novo endereço em São Paulo que quero dividir com vocês: a Casa Bauducco. Fica na Alameda Lorena, 1682, no Jardim Paulista. Trata-se de uma loja permanente da marca, ou seja, teremos panetone o ano todo, além de outras coisinhas gostosas, tais como grisinis, focaccias, bolos e cookies. Tudo mais artesanal, diferente dos já gostosos produtos Bauducco que encontramos nos supermercados. Vale a pena a visita para tomar café com uma fatia de panetone quentinha, salpicada com açúcar de confeiteiro e canela, pois descobrir novas paradas para um cafezinho é Verinha de tudo! (Leonora)

Parece que estou vendo a cara da mãe Verinha frente a essa dupla cafezinho-panetone.
Como diz o papel sobre a bandeja: magnífico!



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Um charme amarrado ao pescoço

Como já mencionei aqui no post “Gordinha de classe!”, mãe Verinha insistia para que eu me cuidasse e me arrumasse. Uma de nossas paixões, além dos sapatos, eram os lenços, cachecóis e echarpes. Mamãe dizia que lenço é um acessório que combina com todas as ocasiões, tanto no inverno quanto no verão. É leve, feminino e versátil, permitindo várias brincadeiras. Dependendo do tecido e do tipo de amarração, um bom lenço e uma boa camisa branca podem nos levar elegantemente a quase todos os lugares. Adorávamos trocar figurinhas, fosse sobre um jeito diferente de amarrar, as cores da moda ou uma combinação divertida. Mãe Verinha recortava fotos de revistas e reportagens sobre o tema e guardava para me dar. Esse meu gosto foi crescendo e virou uma mania. Divirto-me olhando lenços, gosto de ver as estampas, de passar a mão para sentir a textura e do aconchego que dão ao pescoço e charme ao visual. Desde fevereiro a minha coleção ganhou peças especiais, alguns lenços e echarpes da mamãe. Ao mesmo tempo que quero guardá-los, para que fiquem preservados, tenho prazer em enrolá-los no pescoço, sinto como se fosse um abraço dela. Então, seja de dia ou de noite, no inverno ou no verão, para trabalhar ou passear, uso e abuso dos meus lenços, pois fazer um charme é Verinha de tudo!
Vejam como as cores e as texturas inspiram alegria e aconchego!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Olá! Estive distante do blog por, aproximadamente, um mês, pois esse foi o meu período de férias. Nesse ano, em especial, tirar férias no mês de novembro foi providencial e vou explicar o porquê. Eu e mãe Verinha fazemos aniversário no mês de novembro, ela no dia 14 e eu no dia 19. Sempre que ligava para cumprimentá-la pelo aniversário, sua preocupação maior era dizer que o meu já estava chegando. Já no final de outubro comecei a sentir um aperto no peito e, conforme os dias iam passando, a saudade aumentava. Fiquei pensando em como estar mais pertinho da mamãe nesse dia e concluí que era ficando bem pertinho de mim. Sendo assim procurei passar o dia fazendo exatamente o que me desse vontade. Estando de férias isso foi possível, ri quando deu vontade, chorei quando deu vontade, dormi quando deu vontade, caminhei pela rua sem destino, tomei banho demorado e “conversei” muito com a mamãe. Foi maravilhoso ter tido esse espaço, esse tempo livre para viver a saudade. Foi o meu presente de aniversário, pois viver intensamente as emoções é Verinha de tudo! (Leonora)
 
Flores para Verinha!
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Aniversário de Verinha

Hoje Verinha completa 69 anos. Dizemos "completa", assim mesmo, no presente, porque mãe é verbo presente. Ela continua viva, nos traços e nos gestos, em cada uma de suas filhas e em cada um de seus netos.

Em sua memória, e com muito amor, é que registramos os versos de Milton Nascimento, lembrados hoje pela filha do meio, Lorena:

Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante este canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, Vera
Eles se amam é pra vida inteira, Vera




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dialeto 6

Hoje vou contar uma expressão da mãe Verinha que achamos muito engraçada. Quando falávamos algo divertido, fazíamos uma careta fora de hora, inventávamos uma dança desengonçada, vestíamos uma roupa que não combinava com a ocasião ou contávamos um “causo” sem propósito, mamãe dizia sempre: “Paiaçada!”. Pronto, era um riso só. Aquilo queria dizer uma de duas coisas, ou era algo que ela não estava aprovando ou apenas tinha achado graça mesmo. Vou dar dois exemplos. No casamento da Mariana, a filha mais nova, conversando com a mamãe por telefone pra combinar os últimos detalhes (lembrando que morávamos em cidades diferentes e o telefone era nosso fiel aliado) eu, com o meu “estilo” natural de ser, disse que só queria que marcassem hora no salão para arrumar o cabelo, pois eu mesma faria uma maquiagem leve. Foi um prato cheio, mamãe disse em alto e bom som: “Paiaçada!”. Resumindo a conversa, não tinha a menor chance daquilo acontecer, ficaríamos as quatro no salão para fazermos cabelo e maquiagem e ponto final. Outro exemplo era quando juntavam as três filhas em sua casa e nós nos abraçávamos para eu recitar o seguinte versinho: “A mamãe tem três filhinhas. A mais nova é descolada, a do meio a sabidinha e a mais velha a bonitona!” Era automático: “Paiaçada!”, mamãe já dizia rindo e o meu prazer era esse mesmo. Provocar risos fora de hora com coisas cotidianas é “Verinha de tudo!” (Leonora)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um cafezinho?!

Estou pra conhecer alguém que goste mais de café do que a mãe Verinha. Ela gostava não apenas de tomar café, mas também de xícaras, colheres, bule, açucareiro e, claro, de forrinho para o pires. Quando começamos a apreciar a bebida, mãe Verinha tratou de nos ensinar que, ao adoçar o café na xícara, devíamos mexer sem fazer muito barulho. Ao terminar, a colher deveria ser colocada no pires, sem que fosse levada à boca para provar o café. Quando queríamos apressar a degustação e soprávamos o café, mãe Verinha franzia a testa e perguntava se tínhamos nascido de sete meses, querendo dizer que esperássemos educadamente até que esfriasse um pouco. Ao menor sinal de descolar o dedinho da asa da xícara, ela nos lembrava que o mindinho fazia parte da mão, portanto deveria permanecer  na companhia dos demais.
Na eterna ginástica de driblar a distância, e compartilhando desse gosto, sempre que tomava um cafezinho gostoso, fotografava e enviava por mensagem para a mãe Verinha perguntando: “Está servida?”. Ela gostava e logo comentava que tinha acabado de tomar ou que ia passar um novinho. Nas minhas viagens, costumava enrolar os acompanhamentos em um guardanapo e trazia para ela. Chegavam amassadinhos, mas era só para dizer o quanto havia lembrado dela. Ao longo do dia, faça frio ou faça sol, parar para tomar um cafezinho saboreando com calma é “Verinha de tudo!”. (Leonora)

Fran’s café – Colher pousada no pires, mas sem ter dado uma voltinha pela boca.

Capuccino da Romana, padaria de Campinas, que era parada obrigatória da mãe Verinha quando vinha por aqui.

Um café com bolinho feitos por mim.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Era uma vez um ipê...


Meu gosto pelos ipês veio desde a infância, cultivado por minha mãe. Morávamos em uma casa de esquina de quarteirão, ladeada por três ou quatro ipês amarelos. Todo ano eles floriam próximo ao meu aniversário, e mãe Verinha me ensinou a observar este presente da natureza para a “minha” primavera. “Má, tem flor brotando nos ipês, seu aniversário está chegando...”, ela dizia. Cresci aguardando, ano a ano, a casa se encher de amarelo, como se me presenteasse com seu tom mais intenso e mais bonito. Depois, nos mudamos desta casa para um apartamento, e, anos depois, novamente para uma outra casa, em outro estado. Certa vez, já morando longe da mãe Verinha, comprei terra e algumas sementes de ipê amarelo e levei pra ela, que prontamente plantou em seu quintal. Acompanhei o crescimento vigoroso do ipê. Ele tinha a sorte de contar com os cuidados amorosos de Verinha, que levava muito jeito pra jardinagem. Por meio de ligações telefônicas, ela me contava orgulhosa do crescimento da árvore. Nas minhas visitas a ela, a primeira providência era ir ao quintal ver o ipê cada dia mais alto e mais robusto. Da última vez, preocupei-me com o tamanho da espécie face ao tamanho da casa. “Mãe,acho melhor transplantar esta árvore para outro lugar, pois suas raízes podem comprometer a fundação da casa”. Ao meu alerta, ela respondeu decidida: “quando isso acontecer, eu já não estarei aqui, não estarei mais viva, mas terei admirado e aproveitado toda a beleza do nosso ipê”. E assim foi. Mãe Verinha faleceu com um ipê frondoso em seu quintal, embora sem flores àquela época. Não só o ipê, mas as orquídeas, as samambaias, as bromélias, as flores de seda, tudo era verde, era viçoso, era vivo quando ela se foi. Houve um vizinho que, incomodado com as folhas do ipê, pulou o muro da casa e cortou-o  rente ao chão, para que as folhas não sujassem sua piscina. Mas o significado daquela árvore já estava, para sempre, enraizado na minha existência. As memórias daqueles ipês que explodiam em amarelo contra o céu mais azul do inverno nutrem saudade e gratidão.

Hoje, moro em apartamento, e, obviamente, não é possível ter um ipê dentro de casa. Vivo procurando maneiras singelas de representá-los. E não é que neste final de semana encontrei uma opção de pura delicadeza e beleza, a exemplo dos ipês da mãe Verinha? São as capas de almofadas da Monograma (Rua Rio de Janeiro, 2318 – Lourdes – BH)! Comos ipês bordados a mão, as almofadas imediatamente trouxeram a mim as lembranças dos ipês da infância. Trouxe dois exemplares das almofadas pra casa,cada uma delas com nove ipês bordados, o suficiente para encher de significado qualquer lugar de descanso da minha casa. Um ipê amarelo - plantado, bordado,tatuado ou lembrado - é Verinha de tudo! (Mariana)
Vejam que lindas as almofadas...

Olhem o detalhe do bordado...

O "meu" ipê amarelo, amassadinho, pois não passei a capa da almofada ainda... : ) 
 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Patuá

A versatilidade da mãe Verinha não era apenas em relação à música e aos assuntos em geral, ela também tinha um sincretismo religioso bem curioso. Era comum vê-la cantando referências da umbanda ou a maravilhosa composição de Vinicius de Moraes e Toquinho, Meu pai Oxalá (Atotô, Obaluaiê; Atotô, babá; Atotô, Obaluaiê; Atotô, babá...), músicas das missas da igreja católica e até ladainhas ou quadras da capoeira. Dentro da bolsa carregava um patuá. Tratava-se de uma carteirinha de couro cheia de objetos que mãe Verinha acreditava trazer proteção, guardando-a de aflições e malefícios. Dentre os objetos estavam medalhinhas de santos da sua devoção, fotos das filhas e netos, orações e flores secas. Em casa, ela tinha um quadro com a pintura de um preto velho; na cozinha não faltava Santo Antônio; no criado-mudo, ao lado da cama, o terço pendurado no porta-retrato com a foto dos netos. Essa fé nos símbolos religiosos contagiou a nós três filhas. Cada uma, a seu modo, mantém esse sincretismo, pois ter fé na vida é Verinha de tudo! (Leonora)

Este é o patuá que carrego na bolsa, a exemplo do que mãe Verinha fazia.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Endereço da delicadeza

Nos finais de semana em São Paulo, sempre dou minhas voltinhas pela cidade. Entre elas, quero destacar a descoberta que fiz na loja Tânia Bulhões, na Rua Colômbia, 182. Olhando os lindos objetos de decoração, os maravilhosos frascos da perfumaria e também a prataria e as louças, deparei-me com um toldinho verde em um cantinho da loja no qual se lia: “da Fazenda". Quando me aproximei entendi do que se tratava: um espaço dedicado às compotas! Sim, o famoso doce caseiro. Que charme! Fiquei fascinada com a variedade. Além das compotas tradicionais, encontrei vidros de mini figuinhos e mini cajuzinhos, um mimo. Logo pensei na mãe Verinha. Uma ótima opção para ter sempre em casa, um doce delicioso que, posto em uma compoteira de cristal e servido com um bom queijo branco ou requeijão, fica uma sobremesa divina para um almoço ou jantar. Também uma alternativa de presente para quando somos convidados para um jantar na casa de um amigo. Ter sempre uma carta na manga para servir ou presentear é Verinha de tudo! (Leonora)
 
Para apreciar a beleza do frasco...

... e a doçura do conteúdo (esses são mini-figos).
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dialeto 5

Na infância, moramos em Belo Horizonte, na Rua Pedra Bonita, no bairro Alto da Barroca. Desde pequenas, mãe Verinha fazia questão de nos ensinar os bons modos e nos apresentar coisas de qualidade. Como ela era uma entusiasta professora, aprendemos rápido a conhecer o que era bom e passamos a pedir com muita freqüência as coisas de paladar mais requintado e os objetos de bom gosto. Foi nesse momento que surgiu mais uma expressão maravilhosa da mãe Verinha: “As boca rica da Barroca!". Era uma maneira bem humorada de ela valorizar nossas escolhas e podar os excessos. A expressão se popularizou e caiu no gosto da família, e é usada ainda hoje, por nós, nas mesmas situações e com o mesmo intuito daquele cunhado por mãe Verinha. Porque ter bom gosto sem afetação também é Verinha de tudo! (Leonora e Mariana)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Endereços descolados

De tempos em tempos, mamãe vinha para Campinas passar uns dias comigo, a filha mais velha. Eu ficava anotando em um bloquinho todos os passeios que queria fazer com ela e ela trazia outro recheado de novidades. Nós andávamos feito notícia ruim. Verinha mantinha dentro da bolsa um caderninho gordo de anotações e recortes, presos com elástico. Fosse lendo uma revista na sala de espera de um consultório médico, na conversa do salão de beleza, nos programas de TV ou nos livros que lia, mãe Verinha estava sempre descobrindo novidades e reservando-as para as próximas aventuras com uma de nós três filhas. Além de Campinas, xeretávamos em Holambra para ver as plantas, em Pedreira para ver as cerâmicas, em Morungaba para comer no restaurante do condomínio São Silvano, no posto Graal da Rodovia Washington Luiz para comer um belo bacalhau no restaurante Manjar do Marquês e, claro, em São Paulo para captar as tendências. Que saudade! Mamãe tinha um olho... enxergava longe! Hoje faço os mesmos trajetos e parece que ouço os seus comentários, pois ser antenada é Verinha de tudo! (Leonora)

 Aí está um caderninho virtual:

Manjar do Marquês: www.manjardomarques.com.br
Acesso pela Rodovia Washington Luiz - km 154, 5 – Cordeirópolis / SP
Fazenda São Silvano: www.fazendasaosilvano.com.br

 Alguns endereços em Pedreira

Casa da Porcelana
Loja 1: Av. Wanderlei José Vicentini, 110 - Vila Canesso - Pedreira / SP


Nadir Figueiredo
Av. Dr Jorge Duprat Figueiredo, 903 - Vila Canesso – Pedreira / SP - Tel.: (19) 3893-1760

Carmen Sabatini Decorações
Rua Eliza Serafim 30 - Vila Canesso - Pedreira / SP - Tel.: (19) 3852-1005

Nina Fiori Rua Orestes Ladeira, 128 - Pedreira / SP


Paradas obrigatórias em São Paulo
Octavio Café
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.996 – Jardim Paulistano – São Paulo / SP Tel.: (11) 3074-0110
www.octaviocafe.com

Casa Eurico
Av. Jandira nº 49, Moema - São Paulo / SP  Tel.: (11) 5054 8877
(travessa da Av. Ibirapuera na altura do nº 2501)

Eurico Max
Rua Oscar Freire nº 550, Jardins - São Paulo /SP  Tel.: (11) 3061-3050
(entre R. Augusta e R. Pe. João Manoel)
www.eurico.com.br


Maison SPA
Rua Graúna, 332 Moema - São Paulo / SP
Tel.: (11) 2738.6188 (11) 2738.6189
www.maisonspa.com.br
Shoestock 
Sapatos de todos os tipos, modelos e tamanhos, para todos os bolsos
Av. Bem-Te-Vi, 221
Tel.: (11) 5044.4513
www.shoestock.com.br


Rua Oscar Freire
Ver as vitrines, buscar as tendências, tomar café...
www.visiteaoscarfreire.com.br

Livraria da Vila
Livros e charme
Alameda Lorena, 1731 – São Paulo / SP
Tel.: (11) 3062-1063

www.livrariadavila.com.br

Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos
Av. Nações Unidas, 4777
Jardim Universidade Pinheiros - São Paulo / SP
Tel.: (11) 3024-3599

www.livrariacultura.com.br

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Da ausência e da saudade

Dias atrás, a leitura deste poema me caiu por acaso, quase que um presente, muito de uma saudade... E como falar de saudade também é Verinha de tudo, é pra ela que dedico esses versos hoje. (Mariana)

Depois melhora – Luiz Tatit

Sempre que alguém
Daqui vai embora
Dói bastante
Mas depois melhora
E com o tempo
Vira um sentimento
Que nem sempre aflora
Mas que fica na memória
Depois vira um sofrimento
Que corrói tudo por dentro
Que penetra no organismo
Que devora
Mas depois também melhora
Sempre que alguém
Daqui vai embora
Dói bastante
Mas depois melhora
E com o tempo
Torna-se um tormento
Que castiga, deteriora
Feito ave predatória
Depois vira um instrumento
De martírio duro e lento
Uma queda num abismo
Que apavora
Mas depois também melhora
E vira então
Uma força inexplicável
Que deixa todo mundo
Mais amável
Um pouco é conseqüência
Da saudade
Um pouco é que voltou
A felicidade
Um pouco é que também
Já era hora
Um pouco é pra ninguém
Mais ir embora
Vira uma esperança
Cresce de um jeito
Que a gente até balança
Enfim
Às vezes dói bastante
Mas melhora
Enfim
É só felicidade
Aqui agora
É bom
É bom não falar muito
Que piora
Enfim
É só felicidade

Receitinhas da Verinha

Conforme já comentei, a mamãe vivia me dando idéias de coisas gostosas para receber os amigos em casa. Essa da foto abaixo ela própria registrou em meu caderno de receitas, em 1999. Muito gostoso o molho, tanto para incrementar um bifinho do dia a dia quanto para servir como acompanhamento de um fondue de carne ou filezinhos feitos na grelha. Além de saboroso, o legal desse molho é a praticidade, pois é possível deixar um vidro sempre pronto na geladeira, um coringa. Tente fazer, pois experimentar receitinhas novas é Verinha de tudo! (Leonora)


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Brigadeiro junino

Em junho, fui convidada para uma festa junina. Como meu marido faz um brigadeiro maravilhoso – aliás, essa é a sua única aventura na cozinha -, decidi apostar no brigadeiro de colher com paçoca. A empreitada iniciou com a difícil tarefa de procurar o chocolate em pó dos fradinhos, ingrediente não tão óbvio nas prateleiras dos supermercados quanto na nossa infância. Já antecipo o comentário maledicente do meu cunhado, que dirá: “Isso porque você mora no interior. Aqui na capital eu trombo com os fradinhos a todo momento.” (risos) Ele vivia provocando a Verinha com essas tiradas. Sempre que ia a Goiânia, ligava antes para ela perguntando qual era o sortimento que ela queria que ele levasse da capital. Ela fingia ficar brava, mas no fundo se divertia com a brincadeira! De qualquer modo, vejam como ficou charmosa a receita. A combinação da cor do brigadeiro com a paçoca e o capricho do laço na tacinha ficou Verinha de tudo! (Leonora)


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dialeto 4

Cada dia lembro de uma das expressões da mamãe e fico rindo sozinha. Agora vou contar uma que ela usava toda vez que demonstrávamos euforia ou ansiedade em relação a alguma coisa. Bastava perceber a nossa inquietude para ganhar um presente, receber um amigo em casa, fazer uma viagem, esperar o bolo “Nega Maluca” sair do forno ou ir a uma festa que Verinha dizia: “Ei, vamos parando com essa sangria desatada!”. Pronto, tínhamos de respirar fundo e aguardar, pois ter compostura é Verinha de tudo! (Leonora)

Receber e compartilhar

Meu marido adora receber os amigos em nossa casa. Digo que, por ele, nunca trancaríamos a porta da sala. Gosta de escolher o vinho, pensar no cardápio, selecionar os CDs e colocar as flores nos vasos. Sendo ele tão parceiro, embarco na viagem. Como a mamãe morava em Goiânia e eu, em Campinas, ela curtia acompanhar por telefone todos os preparativos e, mais recentemente usávamos o skype. Verinha dava palpite em tudo, da toalha às flores, do aperitivo à sobremesa. Quando tudo ficava pronto, ela não conseguia disfarçar a satisfação. No dia seguinte, bem cedo, ligava para saber como tinha sido. Sempre pesquisava novidades no supermercado, empório e no verdureiro, testava e me contava para que pudesse ser incluído no próximo jantar. Ter nos dado asas para voar e, mesmo assim, ficar bem pertinho é Verinha de tudo! (Leonora)
 

 

domingo, 23 de setembro de 2012

Hora do banho

Já deu para perceber que a mãe Verinha tinha apreço por limpeza e organização? Então imagine como ela conduzia os nossos banhos. Quando pequenas, ela nos dava banho em três etapas. Começava fora da banheira, limpando as orelhas, passando óleo Johnson nas dobrinhas e cortando as unhas. Depois vinha o banho propriamente dito, lavando cada dedinho, caprichando no pescoço e fazendo espuma na cabeça. Para finalizar, depois de bem enxutinhas, vinha a sessão “brincar de boneca”, ou seja, hora de enfeitar, colocar as roupinhas, os sapatinhos e os lacinhos. Já na idade de começarmos a tomar banho sozinhas, Verinha ficava a postos do lado de fora do box supervisionando o nosso trabalho e, uma vez por semana, ela mesma fazia a faxina. De bucha na mão, mamãe não dosava a força e caprichava no esfrega-esfrega. Já na entrada da adolescência, quando os cheirinhos começam a mudar, com seu olfato infalível ela ameaçava: “Volta pro banho, senão eu vou colocar você de molho no OMO.” (risos). Sair limpinha e enrugadinha do banho é Verinha de tudo! (Leonora)

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dialeto 3

Educar filhos não é uma tarefa fácil. Ao longo de um dia são várias emoções. Os testes à paciência não terminam e, como já disse, Verinha não era de fazer rodeios. Quando ficávamos insistindo em alguma coisa que ela já havia dito NÃO, ela dizia logo: “Não adianta dar sapituca de rodinha. Não é não e ponto final.”. Acabar com a birra de uma só vez é “Verinha de tudo!” (Leonora)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Dialeto 2

Como disse em outro post, Verinha tinha expressões impagáveis e nos fazia rir até nos momentos de braveza. Quando uma travessa escorregava da sua mão, algo pingava em sua roupa, acontecia um tropeço no pé da cadeira, a tarracha do  brinco caia, ou algo do gênero, ela dizia em alto e bom som “Fé dazunha!”. Era como se fosse uma bronca na travessa, no pingo, no pé da cadeira ou na tarracha. Muito bom! Ter humor até na hora da raiva é Verinha de tudo! (Leonora)

Da intensidade e da saudade

Há um mês, passeando pelas ruas do Cambuí, bairro onde moro em Campinas, os ipês estavam assim, carregados de flores. Apreciá-los em sua intensidade é o mesmo que estar na companhia da mamãe. Essa exuberância, esse colorido... são Verinha de tudo! (Leonora)






Motivações para uma boa conversa

Dona Vera tinha assunto com todo mundo, do governador do Estado ao andarilho que tocava a campainha. O segredo era não apenas adequar a linguagem para cada situação, o que fazia sempre muito bem, mas também encontrar um assunto de interesse comum entre ela e o interlocutor. Posso sentir-me privilegiado nesse aspecto, pois nossos temas de prosa foram sempre instigantes e sofisticados, da literatura às viagens, passando por “objetos de cultura”, como canetas, relógios, gravatas e, claro, tapetes. Digo claro porque minha origem árabe fez com que fossem os primeiros a animar as nossas conversas. No início, trocamos observações gerais sobre preferências por cores, padrões e harmonização em diversos ambientes, como, por exemplo, a escolha e reposição periódica dos persas do Palácio do Planalto. Em seguida, vieram informações mais complexas sobre as regiões e subregiões produtoras, os padrões de tingimento e as técnicas de entrelaçamento. Da face dupla do Kilim à beleza primitiva dos afegãos, aprendi muito com ela. O árabe sou eu, mas era ela quem conhecia tapetes. Esse da foto é um Quatro Estações, presente seu que nos relembra diariamente os ciclos do ano e da vida e, evidentemente, perpetua sua presença em nossa casa.  Versatilidade nos assuntos e bom gosto é Verinha de tudo! (Henrique, genro)


sábado, 8 de setembro de 2012

Trilha sonora do sábado


A música sempre foi companheira em nossa casa. Verinha tinha gosto diversificado, ia do clássico ao sertanejo sem pestanejar. E se divertia com tudo! De manhã cedo, antes mesmo do café da manhã, a primeira providência era ligar o rádio. Já na hora do almoço, enquanto preparava suas delícias, o som aumentava um pouquinho de volume e ela arriscava seus passinhos enquanto mexia as panelas. Entre seus artistas preferidos, um disco em especial "morou" no aparelho de som muito tempo: Antônio Carlos e Jocafi. "Das peripécias do amor... teimoooosa...", "Você abusou... tirou partido de mim, abusou..." "Oh dona da casa, por nossa senhora, dai-me o que beber, se não eu vou-me embora..." Sabemos todas as letras de cor, cada uma delas fisga uma lembrança alegre! Dançar e cantar sem hora pra acabar é Verinha de tudo! (Mariana)
 
 
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Capricho com as roupas

Mamãe prezava uma roupa limpa e bem passada. A lavanderia em nossa casa era um departamento à parte. Cheia de cabides, prendedores de roupa, escovas de tamanhos diferentes, vários tipos de sabão, goma, alvejantes, vinagre, tira-ferrugem, balde e bacia para todos os gostos suportavam todo tipo de alquimia! Mais parecia um laboratório químico. A máquina de lavar roupas, coitada, não era desligada nunca! Juro que é verdade! De dia, seguia os ciclos ininterruptamente e, durante a noite, permanecia no modo “molho”. Já o tanque era um fiel aliado das manchas mais difíceis e das roupas delicadas. Mamãe achava que o ideal era que toda roupa fosse esfregada a mão, no tanque, antes de ir pra máquina. Por conta de tanto capricho, ela nos dizia que, quando usada, a roupa não deve voltar para o armário. Obviamente aquela roupa usada mesmo para um passeio leve não estaria à altura de toda a goma e perfume que preenchiam nossos guarda-roupas. 
Recentemente, esperando a chegada dos netos, filhos da filha do meio, lógico que chamava para si a tarefa de lavar, engomar e passar todas as roupinhas. Não bastasse tudo isso, ainda embalava uma a uma, em saquinhos plásticos novinhos. Verinha tinha prazer em preparar o enxoval com carinho! Caprichar nos cuidados com as roupas é Verinha de tudo! (Leonora e Mariana)
 
Reparem no capricho!
Sapatinhos cheirando bebê!
 


 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Dialeto

Verinha era engraçada, divertida. Usava umas expressões im-pa-gáveis. Quando os amigos vinham nos visitar, perguntavam: “O que sua mãe disse?” (risos) Parecia um dialeto, mas nós compreendíamos muito bem. Por isso, neste blog também não podem faltar essas expressões tão peculiares, que valeriam um dicionário à parte. Hoje vou contar uma! Quando aparecíamos despenteadas, ela dizia: “Onde você pensa que vai com essa gaforina?” (risos). Ser bem humorada e não fazer rodeios é Verinha de tudo! (Leonora)

Ainda sobre aniversário...

Como disse no outro post, mãe Verinha gostava de preparar festas de aniversário. Investia em cada detalhe! Fartura e beleza deviam ser companheiras inseparáveis à mesa de comemoração. Mas o mais importante era viver cada preparativo: na cozinha, à beira do fogão, conversando, mexendo a panela e nos divertindo ao experimentar cada quitute, íamos acrescentando o tempero do afeto aos alimentos. Este ritual, era, antes de tudo, um ritual do nosso encontro. Foi a partir deste aprendizado que eu e a Lorena nos dedicamos ao preparo dos brigadeiros do aniversário de um ano do filho mais novo dela (meu sobrinho!). Ela fez o brigadeiro, eu enrolei, ela pôs nas forminhas, organizamos a decoração da mesa, e, enquanto isso, entre um riso e um "causo", adoçamos nosso convívio. Pouco mais de um mês depois, repetimos a dose para fazer os brigadeiros do meu aniversário, que mesmo não tendo uma grande festa, contou com esses docinhos especiais. Atentar-se aos detalhes e realizar com amor é Verinha de tudo! (Mariana)

Meu aniversário de 7 anos: todos os quitutes feitos pela Verinha e
a decoração feita pelo meu pai.
 
Esses brigadeiros deliciosos feitos pela Lorena para o meu aniversário

 
Mesa de doces do aniversário de 1 ano do meu sobrinho - tema fazendinha.
Olha que delícia colocar os brigadeiros nos mini-chapéus de palha! 


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Gordinha de classe!

Fui magra até os 12 anos, bem magra. Verinha, marinheira de primeira viagem, fazia "das tripas coração” para que eu comesse. Ia ao pediatra, dava vitaminas e muita geléia de mocotó Imbasa. Eu resistia bravamente! No entanto, aos doze anos, quando fiquei mocinha, o resultado de todo aquele empenho aconteceu. Eu passei a ter uma fome de leão e, lógico, engordei. Daí pra frente o esforço era para me ajudar a emagrecer. Valia tudo: endocrinologista, ginástica, acupuntura, dieta, educação alimentar, fórmulas alopáticas e homeopáticas. Por volta dos 30 anos ela desistiu e me deu essa estatueta de gordinha dizendo: “Filha, ser gorda não é problema, mas ser descuidada sim. Trate de comprar roupas charmosas e valorizar o que você tem de bonito.”. Hoje corro as lojas especializadas em tamanhos especiais buscando roupas de tecidos com bom caimento, cortes acinturados e acrescento acessórios de qualidade. Ser uma gordinha cheirosa e arrumadinha é Verinha de tudo! (Leonora)

Aniversário

Hoje é aniversário da filha do meio de Verinha. Mamãe adorava aniversários! Gostava de pensar o cardápio, preparar os quitutes, decorar a mesa... Acho que gostava mais dos preparativos do que da festa em si, pois na hora estava cansada... Tudo tinha que ser farto e gostoso! Hoje, pela correria da vida, nem sempre podemos nos dedicar ao preparo das delícias. Mas elas nunca faltam! Foi pensando nisso que encomedamos esses pães de mel para compor a mesa de hoje. Verinha de tudo! (Mariana)


Pães de mel da Leclanté, patisserie de Belo Horizonte.
Macios e cremosos por dentro, e um mimo por fora!

Delicadeza põe a mesa!


Na nossa casa, a mesa era sempre posta, seja para o café da manhã, para o almoço, para o lanchinho da tarde ou para o jantar. Toalha, pratos, xícaras e talheres, nada de improvisos. Essa mesa foi para um café da manhã com uma amiga querida na última sexta-feira.  A jarrinha de leite era da mamãe, Verinha de tudo! (Leonora)

Dedicação aos detalhes

Mamãe sempre chamou a nossa atenção para apreciar e valorizar os detalhes. Assim nos fez entender que, por traz do alvo e engomado jogo americano, do capricho do bolo de laranja e da mesa tão bem posta, está a dedicação de várias pessoas. Reconhecê-la é Verinha de tudo! (Leonora)


Pousada Brisa da Serra, em Tiradentes (MG)

Da penúria dos sapatos

Para desespero da mãe Verinha, aos quinze anos eu calçava 40! Meu pai dizia: “Isso não é um pé, é uma lancha!”.(risos) Aflita, a mamãe me levou ao ortopedista para ver se eu ainda ia crescer muito. Hoje, calço 42! Naquela época não era fácil, a peregrinação era grande para conseguir um sapato de menina do meu tamanho. Ela fazia de tudo: descolava um sapateiro de boa vontade para confeccionar em tamanho especial, ficava “amiga íntima” das vendedoras das lojas de sapatos e ia pra São Paulo, na Casa Eurico, tirar a barriga da miséria. Mamãe amava sapatos! Essa paixão passou para mim. Tanto tempo no sufoco... Hoje vejo e não resisto! Ter uma coleção de sapatos é Verinha de tudo! (Leonora)


Quem não se enfeita, por si se injeita!


Mamãe sempre me dizia: “Leonora, minha filha, quem não se enfeita, por si se injeita!”. Quando éramos pequenas, o maior prazer que ela tinha era o de nos arrumar. Fazia rabo de cavalo, trança e maria-chiquinha. Sabia colocar presilhas fazendo um torcidinho no cabelo que ficava uma graça. É verdade que puxava muito o cabelo para ficar esticadinho, quase virávamos chinesinhas, e, quando nos queixávamos, ela dizia: “O conforto excessivo é inimigo da elegância!”. Hoje adoro fazer penteados na irmã do meu afilhado, ela diz que eu devia ser cabeleireira. Vejam como essa trança para a festa junina de 2011 ficou Verinha de tudo! (Leonora)

Flores


Mamãe era apaixonada por plantas. Sabia cuidar, plantar e fazer arranjos. Sempre que visitava as nossas casas, cuidava dos vasos. Ela tinha a “mão verde”. Esse balde com hortênsia ficou Verinha de tudo! (Leonora)

Ainda os jardins...


Na mesma viagem de 2010, visitando Heidelberg, virando as ruas sem destino, vi essa casa e, obviamente, lembrei da mamãe. Que espetáculo! Depois, quando mostrei a foto, ela ficou estupefata, achando a coisa mais linda do mundo. Verinha de tudo! (Leonora)

Os jardins de dentro


Em 2010, viajando pela Europa, tirei essa foto no mercado de flores em Amsterdã. Impossível não lembrar da mamãe naquele lugar. Olhem os tons de verde, o vermelho, o roxo, não é lindo demais? Verinha de tudo! (Leonora)