A versatilidade da mãe Verinha não era apenas em relação à música e aos assuntos em geral, ela também tinha um sincretismo religioso bem curioso. Era comum vê-la cantando referências da umbanda ou a maravilhosa composição de Vinicius de Moraes e Toquinho, Meu pai Oxalá (Atotô, Obaluaiê; Atotô, babá; Atotô, Obaluaiê; Atotô, babá...), músicas das missas da igreja católica e até ladainhas ou quadras da capoeira. Dentro da bolsa carregava um patuá. Tratava-se de uma carteirinha de couro cheia de objetos que mãe Verinha acreditava trazer proteção, guardando-a de aflições e malefícios. Dentre os objetos estavam medalhinhas de santos da sua devoção, fotos das filhas e netos, orações e flores secas. Em casa, ela tinha um quadro com a pintura de um preto velho; na cozinha não faltava Santo Antônio; no criado-mudo, ao lado da cama, o terço pendurado no porta-retrato com a foto dos netos. Essa fé nos símbolos religiosos contagiou a nós três filhas. Cada uma, a seu modo, mantém esse sincretismo, pois ter fé na vida é Verinha de tudo! (Leonora)
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Este é o patuá que carrego na bolsa, a exemplo do que mãe Verinha fazia. |
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