terça-feira, 30 de outubro de 2012

Era uma vez um ipê...


Meu gosto pelos ipês veio desde a infância, cultivado por minha mãe. Morávamos em uma casa de esquina de quarteirão, ladeada por três ou quatro ipês amarelos. Todo ano eles floriam próximo ao meu aniversário, e mãe Verinha me ensinou a observar este presente da natureza para a “minha” primavera. “Má, tem flor brotando nos ipês, seu aniversário está chegando...”, ela dizia. Cresci aguardando, ano a ano, a casa se encher de amarelo, como se me presenteasse com seu tom mais intenso e mais bonito. Depois, nos mudamos desta casa para um apartamento, e, anos depois, novamente para uma outra casa, em outro estado. Certa vez, já morando longe da mãe Verinha, comprei terra e algumas sementes de ipê amarelo e levei pra ela, que prontamente plantou em seu quintal. Acompanhei o crescimento vigoroso do ipê. Ele tinha a sorte de contar com os cuidados amorosos de Verinha, que levava muito jeito pra jardinagem. Por meio de ligações telefônicas, ela me contava orgulhosa do crescimento da árvore. Nas minhas visitas a ela, a primeira providência era ir ao quintal ver o ipê cada dia mais alto e mais robusto. Da última vez, preocupei-me com o tamanho da espécie face ao tamanho da casa. “Mãe,acho melhor transplantar esta árvore para outro lugar, pois suas raízes podem comprometer a fundação da casa”. Ao meu alerta, ela respondeu decidida: “quando isso acontecer, eu já não estarei aqui, não estarei mais viva, mas terei admirado e aproveitado toda a beleza do nosso ipê”. E assim foi. Mãe Verinha faleceu com um ipê frondoso em seu quintal, embora sem flores àquela época. Não só o ipê, mas as orquídeas, as samambaias, as bromélias, as flores de seda, tudo era verde, era viçoso, era vivo quando ela se foi. Houve um vizinho que, incomodado com as folhas do ipê, pulou o muro da casa e cortou-o  rente ao chão, para que as folhas não sujassem sua piscina. Mas o significado daquela árvore já estava, para sempre, enraizado na minha existência. As memórias daqueles ipês que explodiam em amarelo contra o céu mais azul do inverno nutrem saudade e gratidão.

Hoje, moro em apartamento, e, obviamente, não é possível ter um ipê dentro de casa. Vivo procurando maneiras singelas de representá-los. E não é que neste final de semana encontrei uma opção de pura delicadeza e beleza, a exemplo dos ipês da mãe Verinha? São as capas de almofadas da Monograma (Rua Rio de Janeiro, 2318 – Lourdes – BH)! Comos ipês bordados a mão, as almofadas imediatamente trouxeram a mim as lembranças dos ipês da infância. Trouxe dois exemplares das almofadas pra casa,cada uma delas com nove ipês bordados, o suficiente para encher de significado qualquer lugar de descanso da minha casa. Um ipê amarelo - plantado, bordado,tatuado ou lembrado - é Verinha de tudo! (Mariana)
Vejam que lindas as almofadas...

Olhem o detalhe do bordado...

O "meu" ipê amarelo, amassadinho, pois não passei a capa da almofada ainda... : ) 
 

5 comentários:

  1. Adoro histórias de família! Beijos meninas!
    Zi
    www.casadazi.blogspot.com.br

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  2. Que bom que você gosta, como a gente! um beijo pra você também...

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  3. Linda estampa! Qual foi o valor? Obrigada

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    1. Oi, Laura! Já tem um tempinho que comprei, então não me lembro ao certo, mas acho que foi algo em torno de R$160,00 cada capa de almofada. Elas são bordadas a mão, e muito bonitas. um abraço!

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  4. Sao muito lindas mesmo. São trabalhos da artesã Dirce da Associação Bordadeiras de Taguatinga.

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