Hoje Verinha completa 69 anos. Dizemos "completa", assim mesmo, no presente, porque mãe é verbo presente. Ela continua viva, nos traços e nos gestos, em cada uma de suas filhas e em cada um de seus netos.
Em sua memória, e com muito amor, é que registramos os versos de Milton Nascimento, lembrados hoje pela filha do meio, Lorena:
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante este canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, Vera
Eles se amam é pra vida inteira, Vera
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Dialeto 6
Hoje vou contar uma expressão da mãe Verinha que achamos muito engraçada. Quando falávamos algo divertido, fazíamos uma careta fora de hora, inventávamos uma dança desengonçada, vestíamos uma roupa que não combinava com a ocasião ou contávamos um “causo” sem propósito, mamãe dizia sempre: “Paiaçada!”. Pronto, era um riso só. Aquilo queria dizer uma de duas coisas, ou era algo que ela não estava aprovando ou apenas tinha achado graça mesmo. Vou dar dois exemplos. No casamento da Mariana, a filha mais nova, conversando com a mamãe por telefone pra combinar os últimos detalhes (lembrando que morávamos em cidades diferentes e o telefone era nosso fiel aliado) eu, com o meu “estilo” natural de ser, disse que só queria que marcassem hora no salão para arrumar o cabelo, pois eu mesma faria uma maquiagem leve. Foi um prato cheio, mamãe disse em alto e bom som: “Paiaçada!”. Resumindo a conversa, não tinha a menor chance daquilo acontecer, ficaríamos as quatro no salão para fazermos cabelo e maquiagem e ponto final. Outro exemplo era quando juntavam as três filhas em sua casa e nós nos abraçávamos para eu recitar o seguinte versinho: “A mamãe tem três filhinhas. A mais nova é descolada, a do meio a sabidinha e a mais velha a bonitona!” Era automático: “Paiaçada!”, mamãe já dizia rindo e o meu prazer era esse mesmo. Provocar risos fora de hora com coisas cotidianas é “Verinha de tudo!” (Leonora)
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Um cafezinho?!
Estou pra conhecer alguém que goste mais de café do que a mãe Verinha. Ela gostava não apenas de tomar café, mas também de xícaras, colheres, bule, açucareiro e, claro, de forrinho para o pires. Quando começamos a apreciar a bebida, mãe Verinha tratou de nos ensinar que, ao adoçar o café na xícara, devíamos mexer sem fazer muito barulho. Ao terminar, a colher deveria ser colocada no pires, sem que fosse levada à boca para provar o café. Quando queríamos apressar a degustação e soprávamos o café, mãe Verinha franzia a testa e perguntava se tínhamos nascido de sete meses, querendo dizer que esperássemos educadamente até que esfriasse um pouco. Ao menor sinal de descolar o dedinho da asa da xícara, ela nos lembrava que o mindinho fazia parte da mão, portanto deveria permanecer na companhia dos demais.
Na eterna ginástica de driblar a distância, e compartilhando desse gosto, sempre que tomava um cafezinho gostoso, fotografava e enviava por mensagem para a mãe Verinha perguntando: “Está servida?”. Ela gostava e logo comentava que tinha acabado de tomar ou que ia passar um novinho. Nas minhas viagens, costumava enrolar os acompanhamentos em um guardanapo e trazia para ela. Chegavam amassadinhos, mas era só para dizer o quanto havia lembrado dela. Ao longo do dia, faça frio ou faça sol, parar para tomar um cafezinho saboreando com calma é “Verinha de tudo!”. (Leonora)
Fran’s café – Colher pousada no pires, mas sem ter dado uma voltinha pela boca. |
Capuccino da Romana, padaria de Campinas, que era parada obrigatória da mãe Verinha quando vinha por aqui. |
Um café com bolinho feitos por mim. |
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