segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Gelatina com "sazon"

Nesse último sábado, recebi alguns amigos queridos para jantar em casa. Pensando no que servir de sobremesa nesses dias tão quentes, resolvi reviver um gosto da infância: gelatina com creme de leite! Essa era uma especialidade da mãe Verinha. A receita é bem simples, e, por me trazer lembranças tão caras, acho uma delícia.
Fui logo dissolvendo dois envelopes de gelatina de morango em um copo de água quente e um copo de água fria. Em seguida, bati a gelatina com uma lata de creme de leite sem soro no liquidificador, distribui em taças e coloquei na geladeira.
Desse momento em diante, fiquei vigiando a gelatina a cada dez minutos. Parei e pensei, por que abro e fecho tantas vezes a geladeira? E falei para mim mesma: desse jeito a gelatina não vai endurecer! Cada vez que abria a porta da geladeira, um sentimento de familiaridade enchia o meu peito! Logo entendi a necessidade de ficar olhando as taças. Nesse momento a emoção tomou conta, era como se mãe Verinha estivesse aqui comigo.
E é assim que os dias vão passando... As lembranças nos afagam, a história que construímos juntas, dia a dia, é intensa o suficiente para que mãe Verinha nos visite para sempre. Afinal de contas, fazer uma visitinha é Verinha de tudo! (Leonora)

Gelatina com "sazon"

Importante fazer com a medida de água mencionada acima para que a gelatina não se separe tanto do creme de leite. Um pouquinho sempre acontece.

Experimenta!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um elo sem fim

Quase completando um ano do falecimento da mãe Verinha comecei a ter coragem e necessidade de mexer nos guardados. Sabe aquela caixa com lembranças de uma vida que foram sendo armazenadas? Resolvi olhar e ler calmamente cada pedacinho de papel. Quanta emoção! Fui sendo tomada por um aconchego amoroso tão grande... Vi ali a minha história recontada e testemunhei o nascimento da Verinha mãe. Dos preparativos para a minha chegada à ansiedade em trazer a primeira filha para casa e saber cuidar bem, tudo ali registrado. Fui coberta de carinho e atenção pela mãe Verinha, fui muito querida. Que privilégio o meu, pois ter uma mãe cuidadosa, ponta firme e afetuosa é Verinha de tudo! (Leonora)


Nota fiscal da compra do berço



Anotações do meu pai no verso da nota fiscal.
Como bom engenheiro e futuro sociólogo, dados importantes

Anotações da mãe Verinha no verso da receita médica do
 Dr. Jairo R. Valle, médico neurologista infantil.

Registro da primeira vacina que tomei dois dias depois de nascida, BCG.

Tudo isso me fez lembrar de uma das dez músicas do CD “Canção de todas as crianças”.  Esse trabalho do Toquinho e do Elifas Andreato tem como objetivo divulgar, através de canções, os dez princípios da “Declaração Universal dos Direitos da Criança”. “De umbigo a umbiguinho” fala do princípio IV que é: “A criança tem direito à alimentação, direito de crescer com saúde e a mãe deve ter cuidados médicos antes e depois do parto”.

De Umbigo a Umbiguinho
Muito antes de nascer
Na barriga da mamãe já pulsava sem querer
O meu pequenino coração,
Que é sempre o primeiro a ser formado
Nesta linda confusão.

Muito antes de nascer
Na barriga da mamãe já comia pra viver
Cheese salada, bala ou bacalhau.
Vinha tudo pronto e mastigado
No cordão umbilical.
Tanto carinho, quanta atenção.
Colo quentinho, ah! Que tempo bom!
De umbigo a umbiguinho um elo sem fim
Num cordãozinho da mamãe pra mim.

Muito antes de nascer
Na barriga da mamãe começava a conviver
Com as mais estranhas sensações:
Vontade de comer de madrugada
Marmelada ou camarões.
Muito antes de nascer
Na barriga da mamãe me virava pra escolher
A mais confortável posição.
São nove meses sem se fazer nada,
Entre água e escuridão.
Tanto carinho, quanta atenção.
Colo quentinho, ah! Que tempo bom!

De umbigo a umbiguinho um elo sem fim
Num cordãozinho da mamãe pra mim.

Dialeto 7

Hoje pela manhã, conversando com a minha irmã mais nova por torpedo no celular, recebo uma resposta com a seguinte expressão: “angu encaroçado” (risos). Fazia tempo que não usávamos essa expressão da mamãe. Vou explicar onde ela se encaixa. Sabe aquele assunto complicado, aquela história que quanto mais você mexe, pior fica? Pois bem, trata-se de um “angu encaroçado” ou “angu de caroço”. Vou confessar que mãe Verinha gostava de encaroçar o angu. Uma mesma história rendia em suas conversas. Mamãe era capaz de falar de um assunto por dias e, a cada nova abordagem, comentada com uma nova pessoa, ela introduzia mais caroço no angu. Como a coisa rendia! No final, quando não dava mais para mexer a panela de tanto caroço, ela colocava um ponto final dizendo: “Vamos parar com essa conversa porque já virou um angu de caroço!”. Portanto, render um assunto é Verinha de tudo! (Leonora)